terça-feira, novembro 21, 2006

Consciência negra e universidade branca

Ontem foi comemorado o Dia da Consciência Negra, criado em homenagem a Zumbi dos Palmares, o maior símbolo da luta pelos direitos da raça negra no Brasil. Na época dele a luta era pelo fim da escravidão e conquista da liberdade. Agora a luta é por direitos e oportunidades iguais.
Segundo dados do IBGE, a distribuição da população brasileira em idade ativa por cor ou raça é a que está mostrada no gráfico seguinte:

Para diversas finalidades, inclusive as cotas para negros nas universidades, as populações preta e parda são agregadas num só grupo, que representa 42,8% da população em idade ativa. A participação desse grupo no universo acadêmico hoje é de 30%, ainda bem abaixo de sua representação na sociedade, mas isso já é uma evolução. Até o ano de 2001, eles eram apenas 22% dos que freqüentavam as faculdades do país. Com o PROUNI, que oferece bolsas aos alunos carentes que tenham boas notas no ENEM e a aplicação de medidas impositivas como a cota para negros nas universidades, esse índice cresceu acelerado e tende a continuar numa subiaa gradual.

A discussão comum de se encontrar é se é justo alguém obter acesso a uma universidade federal por causa de sua cor e não por causa da prova de sua "inteligência" no vestibular. É uma questão polêmica, mas que deve ser resolvida porque as oportunidades deveriam ser as mesmas a todos. Se não são, se o país não consegue oferecer isso de imediato, medidas impositivas devem sim ser executadas para minimizar as diferenças. A questão não é tomar a vaga de alguém mais preparado para dar a outro que se declara negro, mas sim oferecer também oportunidade ao negro, que ao longo de sua vida foi e continua sendo marginalizado.

Além do mais, pesquisas já mostraram que os alunos que ingressam nos cursos superiores por meio da política de cotas têm desempenho igual ou superior à média de sua turma. Isso porque eles se apegam àquela chance, provavelmente única, de conseguir uma vida melhor para si e para suas famílias. Os resultados efetivos dessa política só constataremos em algumas décadas, mas uma parte da população negra, ainda que pequena, já começa a usufruir desde já.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Esse assunto das cotas é muito complicado como vc disse!
Concordo que devem ser feitas medidas paliativas para melhorar a qualidade de vida dos menos privilegiados. Mas o problema no Brasil é que medidas paliativas acabam se tornando um meio de governo e não um recurso emergencial...
É uma discussão sem fim isso, LD!

terça-feira, novembro 21, 2006  
Blogger Eduardo Bresciani said...

belo tema cara!
uma questão que sempre me vem ao tratar do assunto racial é a definição de "pardo". A verdade é que muitos negros usam a palavra para tentar amenizar sua exclusão, evitando se expor a um preconceito ainda maior da sociedade. Assim como o número de "brancos" também pode não ser fidedigno por muitos que se enquadrariam como "pardo" preferirem se declarar "branco" pelo mesmo motivo acima citado. A verdade é que o Brasil ainda não resolveu sua questão racial, talvez por simplesmente querer achar que não existe problema nela...

quarta-feira, novembro 22, 2006  
Anonymous Anônimo said...

é queridão, tema complexo este, principalmente quando a imposição paira no ar, o que demonstra falta de atitude inteligente de alguns setores do país...
Saudades e abraços!

quinta-feira, novembro 23, 2006  

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